Fuga nº2 de Aubergine Rebelle
Numa certa manhã fria de outono, Berinjela Rebelde acordou decidida: ia botar uma mochila nas costas e sair a andar pelo mundo, afinal, tinha que fazer jus ao adjetivo que carregava! Botou a viola no saco (tá, ñ era uma viola, era um violão, e era uma bolsa, ñ um saco...), algumas garrafas d’água e seguiu em direção ao portão de saída da horta.
Próximo ao portão, encontrou o Rabanete Comunista, revirando a terra de seu jardim. Observou-o e viu que tinha as mãos calejadas e o rosto marcado pelo tempo e “pelas grandes passeatas”, como ele mesmo dizia. Estava passando quando o ouviu cantar uma canção que falava de um viajante noturno, dos mutantes, então disse “bom dia”, pra puxar papo. O Rabanete levantou a cabeça, e demorou alguns segundos para reconhecê-la. “Ah, sim sim, a Berinjelinha que se diz rebelde, como está,minha jovem?” “Bem obrigada, blábláblá, o que o senhor tanto mexe na terra de seu jardim?” “É preciso revirar a terra de quando em quando, minha filha, para que as begônias cresçam mais fortes e felizes!Mas aonde vai com essa viola e esse olhar de viajante?” “Bom, eu vou...passear,isso, passear.” “Mas pra fora do jardim? Por que essa mudança repentina de vontades, até ontem mesmo você me parecia tão apegada ao lar, tão decidida a estudar...” “Ah, já me cansei de ser certinha, de ser tão canceriana!”-disse a Berinjela, vendo que ñ teria como escapar de uma conversa profunda. “Bom, eu ñ entendo muito sobre signos, mas sei que você é realmente muito ligada à família... mas repito a pergunta, por que mudou de opinião assim da noite pro dia?” “Ah, eu quero conhecer coisas novas, caras novas, ser diferente, ser rebelde!” “Rebelde?mas você já não é?” “Só de nome não vale né. Quero ser mochileira! Uma rebelde de verdade, uma nova Berinjela!” “Mas rebeldes sem causa são uma praga no mundo... você quer ser mais uma, outra sem noção no meio da multidão?” “Ah, quero ser diferente!”
Começou a chover, e os dois decidiram ir tomar um café enquanto conversavam. A fuga da Berinjela foi adiada... mas pra quando?
Numa certa manhã fria de outono, Berinjela Rebelde acordou decidida: ia botar uma mochila nas costas e sair a andar pelo mundo, afinal, tinha que fazer jus ao adjetivo que carregava! Botou a viola no saco (tá, ñ era uma viola, era um violão, e era uma bolsa, ñ um saco...), algumas garrafas d’água e seguiu em direção ao portão de saída da horta.
Próximo ao portão, encontrou o Rabanete Comunista, revirando a terra de seu jardim. Observou-o e viu que tinha as mãos calejadas e o rosto marcado pelo tempo e “pelas grandes passeatas”, como ele mesmo dizia. Estava passando quando o ouviu cantar uma canção que falava de um viajante noturno, dos mutantes, então disse “bom dia”, pra puxar papo. O Rabanete levantou a cabeça, e demorou alguns segundos para reconhecê-la. “Ah, sim sim, a Berinjelinha que se diz rebelde, como está,minha jovem?” “Bem obrigada, blábláblá, o que o senhor tanto mexe na terra de seu jardim?” “É preciso revirar a terra de quando em quando, minha filha, para que as begônias cresçam mais fortes e felizes!Mas aonde vai com essa viola e esse olhar de viajante?” “Bom, eu vou...passear,isso, passear.” “Mas pra fora do jardim? Por que essa mudança repentina de vontades, até ontem mesmo você me parecia tão apegada ao lar, tão decidida a estudar...” “Ah, já me cansei de ser certinha, de ser tão canceriana!”-disse a Berinjela, vendo que ñ teria como escapar de uma conversa profunda. “Bom, eu ñ entendo muito sobre signos, mas sei que você é realmente muito ligada à família... mas repito a pergunta, por que mudou de opinião assim da noite pro dia?” “Ah, eu quero conhecer coisas novas, caras novas, ser diferente, ser rebelde!” “Rebelde?mas você já não é?” “Só de nome não vale né. Quero ser mochileira! Uma rebelde de verdade, uma nova Berinjela!” “Mas rebeldes sem causa são uma praga no mundo... você quer ser mais uma, outra sem noção no meio da multidão?” “Ah, quero ser diferente!”
Começou a chover, e os dois decidiram ir tomar um café enquanto conversavam. A fuga da Berinjela foi adiada... mas pra quando?
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