segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Isso Passará, Isso Passarinho

Ontem fui à formatura de Pós-Graduação do meu namorado (Gui, do blog Ponderas). Ele, juntamente com outros conhecidos meus, se formou em Programação Neurolinguística, que de maneira grosseira podemos dizer que é um tipo de terapia. (Para saber mais, visite www.golfinho.com.br)

À medida que recebiam os diplomas, cada um dos formandos falava o que a PNL tinha significado pra eles, agradecendo familiares e amigos pelo apoio e presença nos momentos mais pesados. Fiquei particularmente emocionada e pensativa com o depoimento do Clayton, que é amigo da minha mãe e também terapeuta. Ele apareceu com a cabeça raspada a gilete, e quando perguntei o motivo (de certa maneira já sabendo a resposta) ele me disse ser a mudança. Quando ele nos contou a metáfora abaixo, entendi um pouco mais o que significava essa mudança.

Segundo a história que o Clayton contou, com o passar dos anos a águia fica com o bico cada vez mais curvado, o número de penas aumenta, deixando-a pesada, e as unhas se tornam mais grossas, impedindo que ele se alimente e voe normalmente. Dessa forma, aos poucos ela vai definhando. Para continuar a viver, ela realiza um autosacrifício: quebra seu bico, depois arranca suas unhas e penas, para que cresçam novamente, renovadas. Essa é uma experiência deveras dolorosa para o animal, porém ela permite que ele viva por mais muitos anos.

Sei que muita gente já deve ter recebido essa história por email e acha um absurdo. Sim, é absurda, porém não é o aspecto de realidade que estou querendo abordar aqui. Gosto muito de realismo fantástico, e metáforas raramente descrevem fatos de forma realista. Na PNl, a metáfora é utilizada como uma forma de abordar um problema real, porém usando uma história fictícia, geralmente fantástica e com características lúdicas, envolvendo animais - que falam e tomam atitudes humanas - levando uma mensagem na busca da resolução do problema. A metáfora disperta representações internas, imagens, sons e sensações, sendo uma forma de aprendizado muito rica para o cérebro (leia mais em www.metaforas.com.br). E é por aí que eu entendi e tomei pra mim a história da águia: pela metáfora da renovação, do nascimento do novo e a morte do passado.

Além dessa metáfora, antes de dormir minha mãe leu para mim um email que ela havia recebido, sobre a história de um casal de índios que chega ao pajé pedindo um ensinamento para a vida à dois. O pajé pede que eles busquem as duas maiores aves das montanhas próximas da aldeia (tem toda uma explicação de luas e dias, além de ser um grande desafio, como em todo ensinamento indígena, mas não vou me ater a isso aqui). O pajé amarra uma ave à outra, e o que se observa é que dessa forma elas não conseguem voar, acabando por fim se bicando para tentarem se soltar. O ensinamento do Pajé é que, se estivermos amarrados, não conseguiremos voar, e acabaremos machucando um ao outro; devemos portanto voar juntos, e não presos um ao outro. Uma lição de liberdade que nos dias de hoje ainda é difícil de se encontrar entre casais.

Todas essas metáforas e histórias sobre pássaros, como disse no início do post, me deixaram bastante pensativa. Deixar o ninho, voar junto e não amarrado, quebrar o bico e arrancar as penas para se renovar...uma "fase-pássaro", porque crescer, mesmo que a gente não queira, acontece.

Um comentário:

  1. tbm tem a metáfora da serpente, q troca de pele pra sobreviver...

    e, no livro "O profeta", do Khalil Gibran, ele diz que um casal deve ser como dois ciprestes, um ao lado do outro, mas respeitando seu espaço, ou sufocariam o crescimento do outro...

    também gosto de metáforas. fazem com que as palavras transpassem um pouco sua limitaçao, de um modo que letrinhas consigam refletir um pouco do movimento da vida... ;)

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