sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Julio Paulo Calvo Marcondes

30 de outubro de 2009. Hoje seria aniversário de 40 anos do Julio Paulo, segundo minhas contas - ainda tenho dúvidas se ele não mentia a idade. E a comemoração mais apropriada para tal data e para tal boêmio seria nada menos que um bacanal, com muita música, vinho, mulheres e todos os desdobramentos que essa combinação pode gerar. Mas o Julio abandonou a gente em março, e não deu tempo nem de combinar a festa do cabide.

Eu nunca tinha perdido um amigo próximo, nem parente, nem ninguém. E quando o Julio foi embora, assim de surpresa, sem nem mandar um "tchau, fica filiz!", eu fiquei desnorteada,
cansada e com muita, mas muita saudade. As músicas do Itamar eram todas tristes pra mim naquele momento.

Eu sonhei muito com ele, sofri tanto ao sentir cheiro de Mallboro vermelho!No dia 2 de agosto, chorei incontrolavelmente quando escrevia uma carta pra irmã dele. Só depois descobri que fazia exatamente um ano que tinha viajado pra Sampa pra visitá-lo. Depois de um ano da paixão
dos olhos negros que me cortavam feito farpa, eu ganhava uma "herança" que sempre tive certeza que era ele que me dava, fisicamente longe mas com alma quente, bem perto. E desde
que peguei a sanfona, não senti mais sua presença.

Hoje uma tristeza melancólica me pegou. Meus olhos verdes de ressaca, opacos de uma ausência que não entendia até lembrar da data. E palavras, palavras de uma sensibilidade à flor da pele.
Outro dia, foi engraçado (a morte às vezes tem suas graças), vi um cara na rua muito parecido com ele. Na hora levei um susto, mas logo confirmei que não era sua assombração. Mas
se fosse, ou se fosse ainda ele em carne osso, seria engraçado dizer "ô Julio, cê num tinha morrido?", e ele: "ih, lá vem vcs com esse papo de novo!", à la Rê Bordosa - que sempre achei ser o alter ego do Julio e não do Angeli.

Completo com o poema que mandei por email, quando tive que dar as notícias para quem mais o conhecia. É ruinzinho, mas fala mais do coração que da razão...
Julio Paulo Calvo Marcondes
cabelos negros como a asa da graúna
ao vencedor, as batatas!
Julio colecionador
canecas, alunos, livros, namoradas
Julio safado
mão boba que ñ é mito
Julio fotógrafo
urucum retratos bonito
Julio poeta
poesia que voa das mãos
Julio dos olhos de ressaca
Capitu do meu coração
ps: Confirmado, o Julio hoje seria um quarentão. Como disse a Lu, "até parece que ele abriria mão de um 69 assim, fácil".

3 comentários:

  1. Fui aluno dele num curso pré-vestibular... privilégio seu ser tão próxima dele.

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  2. E o tempo passa e passa e passa... e ainda sempre encontro tempo para lembrar dele.

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